quinta-feira, 12 de novembro de 2009

DIÁRIO DE BORDO 3 - TROCA DE EXPERIÊNCIAS


Dia 12/11 - Hoje o dia foi puxado. No início da manhã participamos da reunião da Comissão de Planejamento Estratégico Urbano da GCLU (Governos e Cidades Locais Unidos). No balanço dessa comissão, 2009 foi um ano bastante proveitoso, mas poderia ter sido bem melhor se não tivesse sofrido tantos revezes provocados pela crise econômica mundial.
O presidente,que é Prefeito de Rosário, na Argentina iniciou com uma avaliação do programa de tutoria, proposto no ano de 2008 e iniciado em um projeto piloto entre as cidades de Johanesburgo, na África do Sul e Lilongue, no Maliui. De acordo com o programa, cidades que tem resultados de sucesso em programas de desenvolvimento local servem de tutoras para cidades menores, localizadas na mesma macro-região, onde as características são semelhantes. O governo local de Lilongue fez questão de expor que, orientados pela cidade tutora, estão finalizando em curto espaço de tempo, um projeto de desenvolvimento totalmente realizável. A comissão vai indicar ao Bureau da CGLU que implemente mais esse programa, inclusive com busca de financiamento e capacitação para os municípios que precisam desse suporte. Na avaliação do diretor geral da Sociedade de Promoção e Desenvolvimento de Bilbao, na Espanha, Marco Najera, os governantes locais precisam se profissionalizar e seguir exemplos de sucesso no planejamento estratégico de sua cidade. Segundo o diretor, a maioria dos prefeitos, ao conceber um planejamento dessa natureza, confundem serviços e qualidade de vida com possibilidade de distribuição de luxo em um ou outro lugar. Alem disso, Marco Najera também afirmou que é preciso ser inclusivo, criar uma marca forte com o nome da cidade, reutilizar seus espaços públicos e privados, liderar o trabalho pessoalmente e por fim, buscar o maior envolvimento possível com os segmentos da sociedade, tipo imprensa, sociedade civil organizada, empresários, etc.
Entre os trabalhos avaliados pela comissão de planejamento urbano na Ásia, foram destacados os resultados obtidos pela cidade de Guangzhou, na China, onde o evento está sendo realizado. A cidade que tem mais de 2500 anos de comércio, tendo sido o centro mais importante da “rota da seda”, cresceu de forma absurda em poucas décadas, saindo de cerca de 25 mil habitantes agrícolas no início do século passado, para mais de 9 milhões em 2009. Em 1979 foi a primeira cidade a ter seus portos abertos ao mundo no processo de abertura comercial do governo chinês. Para buscar se adequar ao crescimento desordenado, Guangzhou criou um planejamento estratégico no final da década passada com vistas ao ano de 2020. Foram feitos estudos de redistribuição territorial, redesenho do sistema de transporte, recuperação do Rio Pearl, e principalmente, identificar em cada projeto a sustentabilidade ambiental possível e a gestão dos passivos ambientais deixados por milênios de ocupação. Para o Diretor de planejamento e recursos urbanos de Guanzhou, Lv Chuanting, existem pontos que devem ser observados como: no transporte público, ecologia e integração, com vias expressas e admitindo sempre o futuro, evitando os pensamentos que impedem o gestor de “largar” características do passado que não contribuem para a qualidade dos serviços, da cidade e da vida dos seus habitantes.
Sobre a situação do planejamento urbano na America Latina, o professor Alberto Pascoal, da Universidade da Catalunha, na Espanha, fez um diagnóstico da região, com vista a subsidiar um trabalho mais direcionado da organização a partir de 2010. Entre os resultados, foram destacados a similaridade de crescimento da urbanização populacional que, assim como na Ásia, tem trocado o campo pelas áreas urbanas., aumentando as desigualdades, criando um espaço maior entre as classes mais ricas e mais pobres. O trabalho destaca também a insuficiência legal e financeira da grande maioria dos governos locais latinoamericanos, que precisam de capacitação e cuidado na elaboração de seus planejamentos estratégicos.
O representante de Manaus, único governo local brasileiro no Congresso do Conselho Mundial da CGLU, Marcelo Dutra, destacou a necessidade da Comissão de Planejamento Urbano da CGLU também colocar no seu relatório para o Conselho da organização, a necessidade de inclusão dos governos locais na COP-15, que será realizada no próximo mês em Copenhagen. Marcelo Dutra destacou que, entre as experiências avaliadas de todos os continentes, todos apresentaram problemas com as mudanças climáticas, que vão desde as chuvas recordes dos últimos 200 anos nas Filipinas e das 6 cidades que já estão desaparecendo na região insular da Ásia por causa do aumento no nível do mar, até as grande secas e cheias no rios da Amazônia.
Ao final foi produzido um relatório contendo as principais contribuições, que será entregue para análise e anexação ao relatório final do World Council Meetings da CGLU.

Amanhã cedo vocês receberão o Diário de Bordo com a reunião do Bureau da CGLU e do almoço entre os prefeitos que vão participar das negociações de mudanças climáticas nas Nações Unidas, entre eles Manaus, Nante (França, substituindo Lyon), Durban (África do Sul), Dakar (Senegal) e a CGLU. Faltam indicações dos prefeitos que vão representar a China e a America do Norte.

Abraços,

Marcelo Dutra - Secretário Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade

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